18 de abril de 2015

Feliz Halloween! (Cap. 1)



Já era meia noite da noite de Halloween. Tive que ficar mais tarde no trabalho. Fiquei com um pouco de medo de voltar para casa por uma estrada vazia e escura, mas essa era a única forma de sair daquele inferno. Inventaram muitas lendas sobre esse lugar e, em meio a muitas histórias sem nexo, contavam na maioria das vezes que uma assassina cega andava por lá toda noite de Halloween e que poucos homens escapavam de ser desmembrados por sua espada. “Bobagem” disse para mim mesmo, embora ainda estivesse com uma ponta de desconforto, e continuei dirigindo. Passei pela estrada escura com os faróis acesos, obviamente. No meio do caminho, os faróis piscaram e apagaram e o carro parou. Girei a chave. Nada. Comecei a ficar assustado e tentei ligar para qualquer um que pudesse vir me buscar. Sem sinal. O desespero já tomava conta de mim. Usei a lanterna do meu celular e apontei para minha frente. Uma menina, lá no fundo, estava vindo em minha direção. Saí do carro e cada passo que ela dava para frente, eu dava um para trás. As velhas lâmpadas dos postes daquela estrada que, obviamente, estavam apagadas, piscaram. Pude ver a menina mais próxima de mim. Com medo, abaixei a cabeça, olhando para seus pés descalços, depois para seu longo vestido marrom, sujo de sangue. Lentamente eu levantava a cabeça, olhando para a espada que estava em uma de suas mãos e depois para seu rosto. Um lado da boca estava costurado e outro, cortado, formando um grande sorriso. Logo, olhei em seus... Ela não tinha olhos, mas ainda assim, parecia que olhava em minha alma. Sua boca se curvou em um sorriso e... Não era um sorriso anormal, mas também não era normal. Era calmo e perturbador. Havia uma ponta de prazer e ao mesmo tempo de tristeza.

- Quem é você? – perguntei.

- Seu pior pesadelo a partir de agora. – ela respondeu – Feliz Halloween. – disse antes de enfiar a espada em meu estômago e se aproximar mais.

- Seu pedófilo doente. – ela sorriu em seguida.

- Mas... O que... – foi tudo o que consegui dizer.

- Os gritos de sua sobrinha eram iguais aos meus há alguns anos. - a garota deixou escapar mais uma vez uma baixa risada - Como teve coragem de tirar a inocência de uma menina tão doce? Você me dá nojo. Assim como todos iguais a você – ela tirou a espada lentamente. Caí de joelhos e a ultima coisa que vi antes de apagar foi o meu sangue na espada.

Acordei no hospital, me perguntando como fui parar ali.

- O que houve? Fiquei preocupada. – minha esposa disse antes de eu perguntar com dificuldade quem havia me levado ao hospital.

- Uma adolescente. Era pálida... Estava com uma capa preta e tinha cabelos curtos da mesma cor. Não pude ver seu rosto, então não posso dar mais detalhes. Desculpe-me. – a enfermeira respondeu.

- Onde ela está? - perguntei desesperadamente.

-Saiu assim que o colocamos na maca. 

Pedi para ficarem comigo até eu me recuperar. Sabia que, se eu ficasse sozinho, ela iria voltar para me matar. Meu medo se seguiu por duas semanas e com o tempo, me esqueci de tal pessoa... Até o Halloween desse ano. Bom, para falar a verdade, até hoje. Sim, hoje é Halloween. Ela está parada, virada para mim como se estivesse me observando através da janela de minha casa... Eu estou com medo. Minha mulher e meu filho saíram... E tenho certeza de que, quando voltarem, não me encontrarão apenas ferido.


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O caderno onde Michael Monroe escreveu tal "carta" foi encontrado ao lado de seu corpo, que fora mutilado e desmembrado. A arma usada durante o crime foi uma katana. Seu filho, Mason, devido à horrível cena, faz tratamento psicológico para superar o trauma enquanto Sara Young, embora esteja apresentando traços de depressão, leva uma vida normal tentando superar sozinha a morte de seu marido.

Um ano antes do acontecido, policiais receberam uma denuncia anônima de que o mesmo havia estuprado Bonnie Mundelsee Young, de apenas sete anos, mas este foi ignorado devido ao responsável pela ligação ter mantido sua identidade oculta. Após a morte de seu tio, a criança afirmou o caso. “Ele dizia que, se eu contasse para alguém, me comeria viva. Eu só tive coragem de contar após sua morte” Bonnie relata.





- HIHIHAHAHAHAHAHA a próxima vítima será seu filho. - disse para o caixão de Michael.

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